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Borrelia ( doença do carrapato 4)


De importância para a saúde humana pois se trata de uma zoonose, isto quer dizer que o ser humano pode se infectar e desenvolver quadro clinico da doença assim como a febre maculosa.
O carrapato como nas demais doenças age como vetor mas nesse caso ele vive um processo de simbiose com a bactéria ingerida em seu momento de alimentação no hospedeiro ou transmitida pelo sistema reprodutivo materno onde a bactéria também se abriga. 

Essa bactéria tem formato de espiroqueta isto quer dizer que tem formato de hélice e se movimentam de forma ondulante, em nosso caso ela é gran negativa ( essa informação tem relevância ao tipo de corante usado na histologia para observá-la no microscópio) 


A Borrelia causa cinco diferentes doenças ( como se uma já não fosse o suficiente né ?)
1)   Febre recorrente Humana : talvez a mais antiga doença conhecida com o carrapato como ponte de contagio sendo datada de antes dos egípcios

2)    Borreliose Aviaria : causa anemia, febre, depressão e muitas mortes ( quem convive com aves sabe como são sensíveis a doenças e mudanças climáticas)

3)   Espiroquetose bovina: causa anemia em ruminantes e eqüinos, é considerada pouco patogênica. ( pelo menos isso pois além do sofrimento o impacto na economia seria enorme)

4)   Borreliose de Lyme

5)   Aborto epizoótico bovino: acomete bovinos e cervídeos. 


Chegamos ao foco da matéria o envolvimento do carrapato com isso tudo: 


Como a reprodução do carrapato é altamente bem sucedida ( sabemos como é complicado acabar com uma infestação) é o vetor perfeito tanto para o ser humano como para os animais dado a rapidez com que aumentam o seu numero como a grande gama de hospedeiros que atingem (praticamente quase todas as espécies )


Obs: segundo Balashov (1972), Soneshine (1991) e Schwan (1996), se constituem no segundo grupo que maior número de patógenos transmitem


Vamos as terríveis curiosidades para nosso desespero

1)   Se o carrapato não estiver envolvido essa “fofa” bactéria diminui sua patogenicidade podendo a perder por completo, isto quer dizer que ela pode diminuir drasticamente seu efeito maligno da doença no corpo ou o perder por completo.

2)   Essa bactéria precisa de um porto por assim dizer no trato intestinal do carrapato onde ocorre ações químicas e biológicas que ativam partes importantes na bactéria necessária para sua patogenia ( poder do lado negro da força)

3)   Essa linda bactéria tem predileção a temperaturas frescas não sendo grande fã de calor, assim a temperatura do ambiente em que o carrapato reside tem efeito em seu desenvolvimento pois em altas temperaturas ela muda seu formato perdendo capacidade patogênica . ( Pessoal das zonas temperadas a frias fiquem atentos)

4)   A Borrelia vive muito bem no corpo do carrapato adulto mas pode não sobreviver as mudanças das fases ovo-larva-ninfa-adulto mas também essa bactéria pode ser uma mocinha gananciosa multiplicando-se muito e lesando assim o carrapato o levando a obto e a si mesma por conseqüência.

5)   Essa bactéria nada boba dada a chance forma uma máfia com a bebesiose e erliquiose

6)   No nosso carrapato comum é necessário no mínimo 48 horas que ele esteja fixado no hospedeiro.

7)   No momento da transmissão, a saliva do carrapato exerce ainda ações farmacológicas, como o bloqueio de células fagocitárias e inflamatórias, facilitando a penetração e disseminação do patógeno (Ribeiro et al. 1987, Urioste et al. 1994).

8)   Embora o principal modo de transmissão de Borrelia seja por carrapatos, ela pode ocorrer ainda pela urina entre roedores, por transfusão sanguinea, transplante de tecido, por contato ou congenitamente em cães (Burgess et al. 1986a, Hyde et al. 1989, Dorward et al. 1991, Burgdorfer 1993, Gustafson et al. 1993, Karch et al. 1994).


Sintomas caninos da doença :

A bacteria age sobre os músculos e articulações de nossos peludos, causando dores articulares principalmente nas pastas e progredindo para o resto do corpo.
 
Com dores os cães ficam tristes, quietos, sem fome.
Pode se observar também dificuldade para se mover pois as articulações estão inflamadas causando dor o que leva o animal a se recusar a andar e se mover. 

O local que o carrapato se fixo pode ficar irritado com edema isto quer dizer inchado. 

Em alguns casos ocorre abortos, vômitos, dores abdominais, alterações cardíacas com o bloqueio da passagem do sangue nos compartimentos cardíacos (átrios e ventrículos) alterando o ritmo do bombear do sangue pelo coração.
  
Alterações neurológicas com inflamação da meninge são raras mas pode ocorrer .

Anemia sempre presente em todas as doenças transmitidas pelos carrapatos de importância pet por suas ações sobre células sanguíneas.


Notas ao leitor :


Obs : a transmissão da bactéria pode ocorrer por via uterina ( mamis com filhotas grávidas fiquem atentas)

Obs : Na doença de Lyme, o cão pode atuar como importante sentinela epidemiológica, albergando a espiroqueta, comportando-se como reservatório no ambiente domiciliar, favorecendo, assim, ao carrapato veicular o patógeno até o homem e outros animais (Appel 1990, Bosler 1993, Mather et al. 1994).


Diagnostico:


Exames imunológicos é o mais adequado mas infelizmente é inviável em muitas cidades pelo valor e também pelos equipamentos muitas vezes necessários, mas o relato do proprietários mas exames de sangue, urina e fezes são importantes para se fechar um diagnostico efetivo pelo veterinário.


Tratamento:
 
A terapêutica se dá através de antibióticos; as tetraciclinas são eficientes, porém restritas a animais adultos. Penicilina, ampicilina e amoxicilina são efetivas por possuírem melhor absorção, mas a doxicilina é a mais indicada devido à sua característica lipoprotéica, que confere maior penetração no tecido (Appel 1990, Levy & Dreesen 1992). Existem vacinas comerciais para cães com bacterinas íntegras ou "completas" (Chu et al. 1992), vacinas com subunidades de proteínas, contendo, principalmente, as proteínas de superfície OspA, OspB, OspC e outras (Coughlin et al. 1995, Fingerle et al. 1995, Ma et al. 1995) e vacinas com proteínas recombinantes (Jobe et al. 1994, Bennett 1995, Silva & Fikrig 1997).


Prevenção:


 


 


Como falei nas matérias anteriores sobre carrapatos o importante é proteger seu animal com os produtos presentes no mercado que tem ação de repelir o vetor no caso o carrapato (sempre respeite a dose e tempo de reaplicar estipulado pelo fabricante), proteja sua casa higienizando com combatentes apropriados (sempre respeitando a dosagem do fabricante e indicações de tempo de afastamento do pet do lugar de aplicação) Fique sempre atento, cheque a pelagem do animal com freqüência mesmo tendo o dado ou passado os repelentes , vasculhe a casa de tempo em tempo. Prevenir sempre é melhor.

  

 
 


 
 

 







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